Temporada já inicia com uma situação sem precedentes nas mais de 70 edições da categoria
Escrito por Eduarda Gouvêa
Durante todo o ano de 2023, torcedores e até mesmo patrocinadores estavam atentos aos assentos que poderiam ganhar novos pilotos. Mas, para a surpresa do público e dos próprios dirigentes, as equipes decidiram permanecer em 2024 com os mesmos atletas da temporada passada. Isso mesmo, nenhuma novidade no grid. Nada muda na F1 em 2024. Uma situação sem precedentes nas mais de 70 edições da F1.
No entanto, é mais do que óbvio que nas últimas temporadas as 10 equipes têm optado por políticas mais livres de riscos e apostas. Os responsáveis pelas grandes marcas tendem a minimizar as decisões que possam vir a acarretar resultados negativos, tanto em relação a pontos no campeonato, quanto a gastos com batidas em pistas. Com isso em mente, o espaço para novatos no grid está diminuindo cada vez mais. Já não há limite para erros (Nyck De Vries que o diga).
A influência do limite orçamentário
Por um longo período, prevaleceu a ideia de que dinheiro garantia um lugar na Fórmula 1, mas a introdução do limite de orçamento mudou isso. As equipes ganharam independência financeira, especialmente na segunda metade do grid, permitindo escolher pilotos com base na qualidade, não apenas no suporte financeiro. Isso criou um novo cenário com candidaturas de pilotos de segunda categoria desaparecendo, dando lugar a escolhas focadas na performance e em relacionamentos mais estáveis entre equipes e atletas.
A Federação Internacional de Automobilismo (FIA), junto à Superlicença, delineou claramente o caminho para jovens pilotos entrarem na categoria (F3 e F2 para depois chegar à F1). Embora em 2018 os principais pilotos da Fórmula 2 tenham sido George Russell, Lando Norris e Alex Albon, nos últimos anos o talento e os títulos dos pilotos em ascensão não atraíram as equipes (caso do brasileiro Felipe Drugovich, por exemplo), exceto pelo jovem Oscar Piastri.
A exigência aumentou e já não é suficiente apenas vencer, é preciso fazê-lo rapidamente. Na ausência de testes, a consideração de um jovem piloto que demorou duas temporadas para se destacar é cuidadosa. As equipes aparentam preferir “carros guiados de maneira segura” a arriscar com novatos que, pelo menos no papel, não têm as melhores credenciais, e não contribuem para a estabilidade geral dos times (financeiramente falando).
A equipe Haas, por exemplo, é uma das mais relutantes em apostar em estreantes após enfrentar dificuldades com Nikita Mazepin e Mick Schumacher. As experiências anteriores atrapalham o reserva Pietro Fittipaldi, apesar dos elogios sinceros dos membros do time. Mas, por outro lado, teve quem pagou pra ver. A Williams bancou o rookie Logan Sargeant em 2023. O americano foi o piloto que mais deu prejuízo na temporada passada, causando US$ 4,33 milhões (cerca de R$ 21,2 milhões na cotação atual) em danos no carro ao longo do ano. Mesmo assim, o contrato de Logan foi renovado para este ano.
A novela de Drugovich
Felipe Drugovich foi anunciado como piloto reserva da Aston Martin no final da temporada de 2022. No ano passado, os fãs brasileiros ficaram entusiasmados com a possibilidade de Drugo aparecer mais nas pistas. O desempenho de Lance Stroll, piloto titular e companheiro de equipe de Fernando Alonso, passou a ser minuciosamente observado (não apenas pela torcida brasileira). A dificuldade do canadense em entregar resultados satisfatórios abriu margem para muitas especulações a respeito de seu futuro no time. Era sempre o nome de Drugovich que voltava para a boca do povo quando Stroll cometia algum erro ou se acidentava, como no próprio início de temporada em 2023, quando se machucou nas férias.
Durante os treinos em que pilotou o carro da Aston Martin, Drugo ganhou ainda mais apoio do público mostrando ótimos resultados e se mantendo sempre entre os três primeiros colocados. Porém, não há um espaço claro para o brasileiro ocupar. Primeiro porque Lance é filho do dono, ou seja, só sai se e quando quiser. Já Alonso nunca esteve tão perto de voltar a vencer uma corrida, além de ser uma lenda do esporte. Resta o simulador para Drugo, que segue na reserva da Aston Martin. Outro piloto campeão da F2 sem muitas chances na F1, infelizmente.
Pouco espaço vs crescimento de novos pilotos
Com todas as vagas garantidas para a próxima temporada (já incluindo os contratos de longa duração), a dificuldade fica não apenas na entrada de pilotos de outras categorias, mas também torna praticamente nulas as chances de haver uma movimentação entre os pilotos que já estão no grid.
Em relação aos atletas vindos de outras categorias (F3 e F2, por exemplo) após mostrarem bons resultados, o assunto é um pouco mais complicado. Assim como Drugo, Theo Pourchaire venceu a Fórmula 2 (no ano passado) e também ficou sem acento. Hoje o francês é reserva da Stake, onde Valtteri Bottas e Guanyu Zhou têm contrato até o fim deste ano. Sabe-se bem quem é merecedor de uma vaga e quem está apenas impedindo a entrada de verdadeiros talentos na F1, porém, pouco se fala. Isso porque outros fatores (como patrocínios) também interferem e muito na escolha de um atleta. Escanteados na F1, esses jovens e promissores talentos acabam rumando para outras categorias, como Fórmula E, WEC e Indy.
Leclerc fica na Ferrari
Uma das notícias mais recentes é o anúncio da renovação de Charles Leclerc com a Ferrari. O vínculo tem sido divulgado como “multianual”. Porém, há rumores de que o piloto pode romper o acordo caso a escuderia não lhe dê um carro competitivo até o fim de 2025. Fora os bastidores, o monegasco já deixou mais do que claro, não só uma, mas várias vezes, todo o seu amor pela equipe italiana, que retribui trabalhando com ele como piloto principal. A parceria, que entra em sua sexta temporada em 2024, rendeu cinco vitórias, 30 pódios e 23 pole positions do príncipe de Mônaco, que seguirá tendo Carlos Sainz como seu companheiro neste campeonato.
Lando permanece na McLaren
Lando Norris, que tinha contrato vigente com a McLaren até o fim de 2024, nem esperou a nova temporada da Fórmula 1 começar e já estendeu o seu vínculo com a equipe britânica. Antes de renovar, Norris confirmou que teve conversas com outros times, mas reiterou que rapidamente encerrou as negociações. Os termos do novo vínculo de Norris não foram divulgados, o que também pode significar que o acordo tem cláusulas que permitam um “divórcio” entre as partes antes da conclusão das diferentes opções de renovação contratual. De todo modo, especula-se que o “casamento” é seguro até 2027.
2025 deve ser de mudanças
Depois da calmaria que deve ser em 2024, 2025 promete. Com mais da metade do grid tendo seus contratos encerrados no fim do deste campeonato, o mercado de pilotos promete ser um dos mais quentes dos últimos tempos. Tirando Max Verstappen, Lewis Hamilton, George Russell, Lando Norris, Oscar Piastri e Charles Leclerc, que já estenderam seus contratos, há vagas importantes em jogo. É o caso do segundo carro da Red Bull, hoje guiado por Sergio Pérez, e pilotos como Carlos Sainz, em seu último ano de contrato com a Ferrari. Além deles, praticamente o resto do grid está em seu último ano de contrato, pelo menos até agora. A silly season de 2024 promete!
Contrato termina em 2024
Esteban Ocon - Alpine
Pierre Gasly - Alpine
Fernando Alonso - Aston Martin
Lance Stroll - Aston Martin
Kevin Magnussen - Haas
Nico Hulkenberg - Haas
Yuki Tsunoda - Racing Bulls
Daniel Ricciardo - Racing Bulls
Valtteri Bottas - Stake
Guanyu Zhou - Stake
Revisado por Isadora Guerra
Fontes
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