Que jogue a primeira pedra quem não tiver medo de uma selfie com Nico Rosberg
Escrito por Vitória Vilarino
Revisado por Isadora Guerra
Charles Leclerc, da Ferrari, finalmente quebrou sua maldição no GP de Mônaco, vencendo a corrida em casa e se tornando o primeiro monegasco a vencer o evento desde Louis Chiron, em 1931 (quando nem existia F1 ainda). O jovem largou da pole e faturou a corrida tranquilamente. No entanto, em 2021 e 2022 a história foi diferente e o resultado não veio.
Estando no grid da F1, já correu cinco vezes no circuito urbano e de todas as participações, teve uma quarta colocação em 2022 como seu melhor resultado. Em 2018, cruzou a linha de chegada apenas em 18º, enquanto no ano seguinte sequer cruzou a linha de chegada, abandonando na volta 16 por um acidente. Em 2020 não houve corrida por conta da pandemia e, em 2021, sequer conseguiu largar após sofrer uma colisão ainda na classificação. Em 2023, recebeu a bandeira quadriculada em sexto após começar a prova em terceiro (com direito à lambança da Ferrari). Até semana passada, um desempenho difícil de se orgulhar.
A vitória de Leclerc em Mônaco trouxe à tona um assunto nada auspicioso para quem ama automobilismo: as famigeradas maldições. O monegasco quebrou a dele, mas existem muitas outras que ainda perduram no imaginário da torcida e nas estatísticas da categoria. Quem nunca disse que seu piloto favorito não poderia ganhar a primeira corrida do ano para poder ganhar o campeonato que atire a primeira pedra. As maldições da F1 fazem parte do esporte e durante um período de dominância são um fator que dá esperança aos fãs das outras equipes de ouvirem um hino diferente em dia de corrida.
Como em todo esporte, há certas “maldições” que assombram ou dão esperança aos torcedores. Alguns negam até mesmo as previsões dos especialistas e as estatísticas, tamanha a vontade de que seu piloto favorito ganhe ou o rival simplesmente perca. Na história da categoria já teve muitas maldições que duraram anos e foram quebradas recentemente por Max Verstappen. Já outras ainda não foram desmistificadas, nem mesmo pelos veteranos Lewis Hamilton e Fernando Alonso.
A primeira corrida do ano
Uma das maldições que condenava Lewis Hamilton era a da corrida de abertura. Desde 2017, nenhum piloto que tivesse ganhado o primeiro GP do ano, vencia o mundial. No ano de 2021, quem ganhou a corrida foi o britânico, que não quebrou a maldição na última volta do GP de Abu Dhabi, quando perdeu para Verstappen. Mas pra quem era supersticioso, o resultado já estava definido desde o início da temporada.
Então, dia 12 de dezembro daquele ano, para alegria de uns e tristeza de outros, Max foi campeão mundial pela primeira vez. No ano de 2022, quando Max conquistou seu segundo título, quem subiu ao lugar mais alto do pódio na primeira prova do ano foi Charles Leclerc. A maldição só foi quebrada dia 07 de outubro de 2023 na corrida sprint do Catar, quando Verstappen se tornou tricampeão mundial tendo vencido no Bahrein, no início do ano. Até que enfim!
GP de Monza
Outra crença que havia entre os fãs de Fórmula 1 era de que o piloto que ganhasse o GP da Itália em um ano, não terminaria a corrida no ano seguinte. Desde a vitória de Lewis Hamilton no GP da Itália de 2018, todos os pilotos que cruzaram a linha de chegada em primeiro nas edições subsequentes abandonaram no ano seguinte.
Charles Leclerc, por exemplo, ganhou a corrida em 2019. Contudo, na temporada seguinte, ele bateu na volta 25 e teve que abandonar. Esse mesmo padrão ocorreu com Pierre Gasly. Desse modo, o francês ganhou em 2020 e desistiu em 2021. Surpreendentemente, a situação continuou se repetindo com o ganhador de 2021, Daniel Ricciardo, que não completou a prova em 2022.
Em 2023, durante o final de semana em Monza, alguns fãs tiveram a esperança de que essa seria a maldição que pararia Max Verstappen quando, no sábado, um dia depois de seu aniversário, Carlos Sainz conquistou a pole position. No entanto, no domingo o piloto holandês subiu ao primeiro lugar no pódio pela 10ª vez consecutiva, provando que seu talento é superior a qualquer superstição.
Selfie com Nico Rosberg
E nem só de vitórias ou derrotas vivem as maldições da Fórmula 1. Não há como deixar de fora a famigerada selfie com Nico Rosberg que, segundo a lenda, condena a escuderia que aparecer nela ao fracasso. No GP da Hungria de 2023 o piloto alemão tirou uma selfie com a garagem do atual campeão, Max Verstappen, antes da qualificação. Os fãs das demais equipes foram à loucura acreditando que nesse final de semana as coisas poderiam ser diferentes e o holandês não subiria ao topo do pódio. E até que deu certo: ele perdeu a pole position para Hamilton por 3 milésimos de segundo.
Já no domingo da corrida, Nico resolveu tirar uma foto na garagem de Lewis (para desespero dos mercedistas). E quando a bandeira quadriculada finalmente balançou, o piloto inglês terminou em 4º lugar e Verstappen venceu mais uma. A maldição só foi quebrada na etapa do Catar do ano passado, quando Rosberg tirou uma selfie com o carro de número 1, mas ao final da corrida Max ganhou por uma diferença de 33 segundos do segundo colocado.
300 corridas
Uma marca que pode trazer má sorte aos pilotos é alcançar 300 corridas. Acredita-se que o piloto que completar 300 etapas na categoria nunca mais alcançará outra vitória. Michael Schumacher, Kimi Raikkonen, Rubens Barrichello e Jenson Button são alguns dos atletas que bateram esse recorde e não conseguiram mais vencer nenhuma outra corrida.
Além deles, Lewis Hamilton e Fernando Alonso também alcançaram essa marca histórica e ainda não subiram ao lugar mais alto do pódio desde então. Max não alcançou os 300 GPs, portanto ainda não teve a oportunidade de quebrar essa maldição. Será que o tempo, a experiência e Nico Rosberg serão os únicos capazes de frear a onda de vitórias do holandês tricampeão mundial?
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