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Logística da F1: saiba como os carros rodam o mundo

Atualizado: 16 de jan.

Cada equipe viaja mais de 160 mil quilômetros ao longo dos oito meses de uma temporada


Escrito por Isabele Farias e Isadora Guerra


Você já parou para pensar em como e de que forma as equipes de Fórmula 1 chegam e se instalam em diversos países durante a temporada? Com muito planejamento, organização e disciplina. Mas no meio disso tudo há também a tecnologia do movimento: a logística! Ouve-se bastante essa palavra relacionada à organização de festas, entrega de comida ou de produtos, porém, ela se ressignifica quando aplicada à F1. Afinal, cada GP é um grande espetáculo, como se fosse um festival, por exemplo.


Em 2023, são 20 países e cinco continentes em 37 semanas. São 10 equipes, 20 pilotos titulares (mais todo time de apoio) e pelo menos 20 carros circulando pelo mundo até chegarem a cada um dos 24 grandes prêmios do ano. A pergunta é: como é possível fazer tudo isso e em intervalos de tempo tão curtos?

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Fonte: Motorsport

As operadoras logísticas compõem um esquema gigantesco para dar conta de transportar os materiais, sejam carros e seus componentes ou as demais necessidades da equipe, como alimentação e descanso, por exemplo. Além das entregas, também é preciso deslocar mecânicos, engenheiros, chefes, pilotos e CEOs dos times, pensando em hotéis e transporte. É preciso prever ainda maquinário e veículos especiais para auxiliar na carga e descarga de tudo nos circuitos.


E, se isso não for suficiente, há necessidade de planejamento de acordo com a legalidade do local em questão. Quando, por exemplo, for final de semana em Melbourne o desmonte deve respeitar a legislação de estar em áreas verdes; já quando na China, onde a política em relação baterias de lítio é devidamente rigorosa, é necessário garantir que todas as equipes tenham realizado o planejamento solicitado antes de desembarcar no local para evitar atrasos e contratempos. Mas não é necessário ir tão longe da sede das equipes para planejar cuidadosamente, já que com a saída do Reino Unido da União Europeia, se tornou necessário uma nova conferência de legalidades para os materiais que antes mais facilmente escoavam pelas rodovias europeias.


Quem faz a logística da F1


A Fórmula 1 conta com a parceria da DHL, responsável por transportar mais 1.400 toneladas de carga altamente valiosa durante o ano. Nessas cargas estão inclusos todos os tipos de produtos usados durante um Grande Prêmio, desde os carros, motores e pneus, até os equipamentos de transmissão, marketing e estruturas para hospitalidade. A relação entre F1 e DHL não é recente. Elas trabalham juntas desde 2004 e a empresa de logística é a patrocinadora global mais antiga do evento.


A DHL tem mais de 50 profissionais especializados em automobilismo, 35 deles atuando diretamente com a organização da competição e as equipes participantes. O transporte de todo o conjunto é feito por aviões fretados e contêineres em navios, além da via terrestre. Além disso, a empresa costuma ficar de plantão 24 horas para atender pedidos urgentes, que podem ser entregues na pista entre 24h e 36h.

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Fonte: blogdocaminhoneiro.com

Os números não são os mesmos todo ano, mas a carga gira em torno de 1200 toneladas de equipamentos, que rodam quase 75.000km ao redor do globo. O equivalente a quase duas voltas ao mundo. Veja o peso e o conteúdo que geralmente são transportados durante a temporada:


  • 44 a 55 toneladas de equipamento + 10 toneladas de produtos eletrônicos por time

  • 330 toneladas de equipamento de transmissão de TV (incluindo mais de 60km de cabos e 126 câmeras)

  • 30 containers de tendas e outros equipamentos de hospitality (recepção de convidados)


A maneira como tudo isso é transportado vai depender de onde a corrida é realizada. Dentro da Europa, com caminhões. Fora do continente (para as chamadas “flyaways”), cerca de 60% vai por via aérea e 40% por via marítima.

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Fonte: RBR

Como funciona


O que faz diferença na hora de definir a logística dos produtos é o nível de importância, que influencia o meio de transporte pelo qual serão transportados até a corrida seguinte. No caso dos produtos críticos, como equipamentos de pit stop e servidores de dados e computadores, o meio utilizado é o avião. O mesmo ocorre com os componentes dos carros. Como esses veículos são pesados, eles precisam ser desmontados assim que uma corrida termina. Motores, caixa de câmbio, pneus, espelhos e a suspensão são retirados do chassi e embalados individualmente em contêineres desenhados especialmente para cada item.


Em navios são transportados os chamados itens “não críticos”, que incluem equipamentos de cozinha, itens de hospitalidade para os fãs e macacos hidráulicos. Essas cargas são enviadas com algumas semanas de antecedência para estarem prontas no tempo exato da corrida. A opção pelo transporte marítimo desse tipo de carga passa pelas questões de sustentabilidade, já que é um meio de locomoção menos poluente.

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Fonte: Motorsport

Em até 3h após o final da corrida, é iniciado o processo de desmontagem e separação do material das equipes. Tudo isso é feito em até 6h. Depois disso, a transportadora responsável recebe todo o material, que é alocado em aviões, navios ou ainda caminhões, dependendo da localidade. A estratégia de navios e aviões é aplicada para todas as corridas fora do continente europeu.


Corridas na Europa


Muitas vezes as corridas dentro da Europa são mais desafiadoras do que os eventos fora do continente. Há etapas bastante distantes entre si, como Bélgica e Hungria no calendário de 2023. São 1.240km, 13h viajando direto sem parar. As provas europeias representam quase 50% da competição e todo o transporte é feito via terrestre com o uso de caminhões. Tanto produtos críticos quanto os não críticos são transportados dessa maneira.

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Fonte: https://transportemundial.com.br

Uma equipe como a Mercedes, por exemplo, precisa de 27 caminhões. Nove deles carregam as 45 toneladas de equipamentos que vão para todas as corridas. E os outros 18 carregam os cerca de 30 contêineres que formam o motorhome. E as vans são usadas para transportar itens que precisam chegar primeiro, como estruturas de metal que servem como base de tudo.


O que precisa ser montado?


O motorhome não é o único espaço que tem de ser montado. Então mais 25 a 30 pessoas ficam responsáveis por montar os boxes e os caminhões onde os engenheiros trabalham. Há até um consultório médico dentro desses caminhões. Em um fim de semana normal, uma equipe chega na quinta, monta o tudo até o fim de semana, volta para casa segunda, volta para o local do GP no domingo e desmonta tudo. Se houver duas semanas seguidas, eles desmontam tudo entre domingo e segunda e têm de montar o equipamento rapidamente logo em seguida.

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Fonte: Ferrari

E no GP do Brasil?


As equipes lotam contêineres que são despachados para destinos diferentes ao mesmo tempo: um para os Estados Unidos, um para o México e outro para o Brasil, no início da temporada, tudo por navio. Dessa forma, quando a Fórmula 1 passar pelas Américas em rodada tripla: GP dos Estados Unidos (22/10), GP do México (29/10) e o GP de São Paulo (05/11), tudo deve estar sob controle.


No Brasil, a chegada de tudo isso é centralizada no aeroporto de Campinas (Viracopos), onde o desembarque total leva 12 horas. Já os carros e equipamentos mais importantes embarcam em aviões especiais, onde essa carga totaliza 600 toneladas e são necessários sete Boeings 777 para transportá-la. Até o autódromo José Carlos Pace, os equipamentos vão de caminhão (frete terrestre), fazendo a alegria dos fãs pelas ruas de São Paulo.


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