Saiba como tudo começou e o que faz da escuderia uma das dominantes da F1
Escrito por Eduarda Gouvêa
Revisado por Isadora Guerra
A história e a evolução da Mercedes são surpreendentes. A equipe de Fórmula 1 começou com o pé direito. Em 1954, seu ano de estreia, conquistou a primeira vitória na categoria. Karl Kling e Juan Manuel Fangio estrearam na quarta corrida da temporada, no GP da França, e fizeram uma dobradinha. Fangio, que ficou em primeiro, ganharia mais três corridas e o campeonato. E com a chegada de Stirling Moss, eles continuaram no caminho das glórias em 1955, ganhando cinco corridas das sete, nas quais Fangio e Moss terminariam em 1º e 2º, respectivamente.
O desastre
A Mercedes vivia seu ponto alto quando uma tragédia levou a equipe a abandonar a F1 por longos 40 anos. O circuito de La Sarthe, na França, recebia mais de 200 mil pessoas para assistir 60 carros a mais de 200 km/h. A 23ª edição da tradicional 24 Horas de Le Mans, entretanto, não acabou bem, como era de costume. Na arquibancada, quase 80 mortos e centenas de feridos. Na pista, Pierre Levegh, 50 anos, inerte e carbonizado. O acidente envolveu quatro carros, incluindo Juan Manuel Fangio, que saiu ileso. Poderia ter sido pior. Hoje o acidente é conhecido como a maior tragédia da história do automobilismo.
A volta às pistas
No retorno à F1, em 1994, a equipe era fornecedora de motores para a McLaren e para a Sauber. Essa parceria durou cerca de 15 anos, depois a Mercedes voltou a ter seu próprio time comprando 75% das ações da Brawn GP, em 2010. A dupla de pilotos escolhida na época era nada mais, nada menos que os alemães Nico Rosberg e Michael Schumacher (Schumi tinha se aposentado no fim de 2006, após seu heptacampeonato, e retornou às pistas). Porém, o recomeço foi bem diferente do de 1955. A escuderia enfrentou dificuldades, mas tendo como base o carro da Brawn, não demorou muito para se destacar.
Em sua primeira temporada, a equipe ficou em 4º no mundial de construtores e voltou ao pódio após 55 anos no GP da Malásia, com Rosberg ficando em 3º. 2011 o ano foi mais difícil, pois a equipe chegou a liderar algumas corridas com Rosberg, mas perdia o gás devido ao desgaste de pneus. Por conta disso, a melhor posição foi um 4º lugar de Schumacher no GP do Canadá. A equipe terminaria novamente em 4º nos construtores.
Em 2012, Rosberg deu a primeira vitória do time em 57 anos e a primeira da sua carreira, além de se tornar o primeiro alemão a ganhar uma corrida em um carro alemão desde Hermann Lang, no GP da Suíça, em 1939.
Ao todo, a equipe chegou a três pódios, uma vitória e terminou em quinto nos construtores nessa temporada que, apesar da vitória, foi marcada por problemas que totalizaram 11 DNFs (quando não se completa a prova). Os resultados insatisfatórios fizeram os gestores avaliarem atentamente se todo o investimento feito para o retorno da marca como equipe oficial, e não apenas fornecedora, realmente valia a pena.
A última esperança
Michael Schumacher finalmente se aposentou de vez e deu lugar a Lewis Hamilton, que saiu da McLaren e entrou na equipe alemã em 2013, passando a ser considerado a “cartada final” da Mercedes. Se a contratação não surtisse o efeito esperado, seria o fim da linha para a equipe. No mesmo ano da chegada de Hamilton, o time se consagrou vice-campeão do mundial de construtores graças aos esforços do inglês aliados ao desenvolvimento de Rosberg como piloto. Nos dois anos seguintes, os resultados foram incríveis, com mais mundiais de construtores e temporadas dominadas por seus dois jovens pilotos.
Nessa mesma época, Toto Wolff, que comprou 30% da Mercedes-Benz Gran Prix Ltd e assumiu toda a operação da montadora na Fórmula 1, se tornou Diretor Executivo da então Mercedes AMG Petronas F1. Além disso, o tricampeão Niki Lauda foi trazido para o conselho da escuderia.
A ascensão de Hamilton
A chegada do inglês deu início a uma dominância surpreendente da flecha de prata na categoria. A partir de 2014, a Mercedes se tornou uma equipe de ponta, e consequentemente “um alvo a ser alcançado”. Lewis e Nico se tornaram campeões mundiais de Fórmula 1. Na temporada de 2014, a Mercedes conquistou 16 das 19 corridas, Lewis foi campeão e a equipe conquistou o mundial de construtores.
Em 2016, Rosberg foi campeão do mundial pela escuderia, depois de disputas internas com Hamilton e anunciou sua aposentadoria logo em seguida. Aí começou a verdadeira hegemonia do inglês e da equipe. Hamilton triunfou na F1 como piloto da Mercedes em 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020, além de 2008, quando corria pela McLaren. A superioridade do time alemão durou até Lewis se tornar heptacampeão, empatando em números de mundiais com Michael Schumacher, até então isolado na liderança de piloto com mais títulos.
O fim de uma era
Em 2021, o time encontrou uma adversária à sua altura: a Red Bull Racing. E Lewis descobriu o talento do jovem piloto, Max Verstappen, seu adversário direto na luta pelo mundial de pilotos daquele ano. Com muitas polêmicas, acidentes e enroscos entre os dois, na volta final do GP de Abu Dhabi (último da temporada), o neozelandês ultrapassou o britânico e quebrou um período de sete temporadas de domínio absoluto da Mercedes no mundial de pilotos (a equipe alemã ficou com o troféu de construtores).
O ano em questão é considerado um dos mais competitivos da história da categoria, que teve seu campeão definido na última volta da última corrida. Embora não tenha vencido o campeonato de pilotos, a Mercedes conquistou pela oitava vez o título de construtores. Quebrando mais um recorde e se tornando a equipe com mais vitórias consecutivas.
De 2022 em diante, a equipe vem enfrentando um regime de insucessos. Os engenheiros estão com dificuldades no desenvolvimento dos carros desde suas saídas da fábrica, tornando as duas temporadas seguintes um tanto quanto exaustivas para seus pilotos, Hamilton e George Russell.
Evolução
Com a contratação do britânico George Russell, em 2022, no lugar de Valtteri Bottas, o time conseguiu evoluir muito até hoje. Ainda com dificuldade no acerto dos carros, os dois pilotos auxiliam e muito os mecânicos e engenheiros a melhorar a performance da equipe. Esse esforço inclui Mick Schumacher, filho de Michael, reserva da Mercedes. Ele vira noites no simulador e ajuda a testar atualizações e novos acertos de carro para deixar tudo pronto para Lewis e George durante o fim de semana de corrida.
Em 2022, o principal problema da equipe alemã foi o porpoising, que em português também pode ser chamado de “efeito golfinho”. Ele faz os carros trepidarem quando estão em alta velocidade, como se estivessem quicando no chão, principalmente no fim das retas e em curvas de pé embaixo. Depois de trabalhar muito, houve certa melhora e o time conseguiu seu melhor resultado desde Abu Dhabi, em 2021. Ele veio logo no Grande Prêmio do Brasil, no ano passado, com uma dobradinha. Russel conquistou sua primeira vitória (tanto na sprint quanto na corrida principal) e Hamilton chegou logo atrás.
Toto Wolff, chefe da equipe, chegou a revelar que a vitória de Russell no Brasil levou o time para um caminho completamente diferente, o fazendo acreditar que havia acertado as atualizações do carro. Eles abriram a temporada de 2023 com praticamente o mesmo projeto. O que foi um grande engano, visto que Max Verstappen está prestes a conquistar seu tricampeonato.
A diferença, desta vez, é que a equipe está um pouco mais perto (ou menos distante) de brigar com Ferrari, Aston Martin e McLaren pela segunda força do campeonato. O exaustivo trabalho finalmente está dando resultado, considerando que atualmente a Mercedes ocupa a segunda colocação do mundial de construtores, com 305 pontos, após o Grande Prêmio do Japão, onde a Red Bull já confirmou o título com incríveis 623 pontos.
FONTES
Super Danilo F1 Page
Uol Esporte
Formula 1 Site Oficial
F1 Mania
Vavel
AutomobilSports
The Parc Fermé
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