Sam Bird vence prova pela McLaren com ultrapassagem na penúltima curva agitando um público de 25 mil pessoas
Escrito por Isadora Guerra
O e-Prix de São Paulo, realizado no Sambódromo do Anhembi no último sábado (16/03), foi vencido pelo piloto britânico da McLaren, Sam Bird, após uma disputa emocionante pela primeira posição com o piloto da Jaguar Mitch Evans na última volta da prova. Com o triunfo, Bird conquistou a primeira vitória da McLaren na Fórmula E, além de ter se tornado o segundo piloto mais velho, com 37 anos, a vencer uma corrida, atrás apenas do brasileiro Lucas Di Grassi.
A largada da prova foi limpa, mas a disputa pelas primeiras posições foi bastante intensa. Os carros estavam muito próximos. As entradas do Safety Car para retirar pedaços de carro da pista e após o abandono do líder do campeonato, o neozelandês Nick Cassidy, da Jaguar (que acertou o muro após a quebra do bico do carro), contribuíram para esse equilíbrio. Houve diversas trocas de liderança: Pascal Wehrlein, Antonio Felix Da Costa, Bird e Evans chegaram a conduzir o pelotão único.
No entanto, na parte final, dois carros começaram a se desgarrar na dianteira: Evans e Sam Bird. O piloto da McLaren tentou de todas as formas atacar Evans para tomar a liderança. Nas últimas curvas, o britânico mostrou muita técnica, deixou o neozelandês para trás e ficou com a vitória com uma ultrapassagem arrojada e corajosa na penúltima curva.
Fechando o pódio, Oliver Rowland, da Nissan, garantiu a terceira posição em cima do vice-líder do campeonato, Pascal Wehrlein, da Tag Heuer Porsche, que terminou em quarto e estava sendo atacado por Jake Dennis, da Andretti. Inclusive, a chegada desses três pilotos teve dois décimos de diferença, ou seja, foi muito apertada! E também foi decidida na última volta, nas últimas curvas. Enquanto Wehrlein e Dennis disputavam o P3, Rowland aproveitou e passou os dois por dentro faturando os 15 pontos e o último lugar no pódio. Vale lembrar que Wehrlein largou na pole.
Estrutura
Com uma organização aperfeiçoada em relação ao evento de 2023, a prova contou com diversas atividades para os fãs que puderam acompanhar os carros elétricos chegarem a mais de 300 km/h na reta do Sambódromo. As duas primeiras sessões do dia (treino livre e classificatório) contaram com arquibancadas esvaziadas no Anhembi. Aos poucos o público foi chegando ao evento e aproveitando as diversas ativações presentes no Fan Village montado às costas das arquibancadas. “Eu estou adorando, a estrutura está incrível. Vim pela primeira vez e é incrível ver os carros na pista, bem diferente da televisão, perto de tudo”, declarou uma estudante de jornalismo, fã de automobilismo.
Comparado à primeira edição, o segundo E-Prix de São Paulo contou com melhores acomodações para os fãs. Com água distribuída gratuitamente (especialmente em função da onda de calor que atingiu o país na última semana), tótens para recarga do telefone, exposição de itens dos pilotos e uma maior fartura de food trucks, bares e lanchonetes que serviam hambúrgueres, minipizza, pastéis, lanches, sobremesas, cervejas, energéticos, refrigerantes, comidas vegetarianas e outras opções.
Um dos espaços mais concorridos do Fan Village foi uma loja para compra de itens oficiais dos pilotos, das equipes e da própria Fórmula E. “Torço pelo Stoffel Vandoorne e ano passado garanti o boné dele e peguei um autógrafo”, disse outra fã ao sair da lojinha com mais produtos para curtir a segunda edição do ePrix brasileiro. Os preços variavam de R$ 100 a quase R$ 2 mil, dependendo do produto. Além disso, havia também espaço para adultos e crianças se divertirem. Fez sucesso um autorama movido a pedaladas. Quatro pessoas pedalavam em bicicletas estáticas para mover luzes que simulavam os carrinhos na pista.
Presenças ilustres
Outro ponto elogiado foi a possibilidade de parte do público participar de uma sessão de autógrafos com os pilotos, uma proximidade que não se vê em outras categorias, como a própria Fórmula 1. Além disso, havia um espaço gamer com dezenas de simuladores de corridas para que as pessoas tivessem sensações parecidas com as dos pilotos.
A corrida, que incluiu 212 ultrapassagens, foi assistida por fãs de automobilismo e celebridades do esporte a motor, incluindo Bernie Ecclestone (ex-chefão da F1) e os ex-pilotos de Fórmula 1 Felipe Massa e Emerson Fittipaldi. Cacá e Popó Bueno (Stock Car) também foram alguns dos nomes vistos no Sambódromo do Anhembi. Massa, inclusive, foi o motorista que levou os pilotos até o pódio. Já Emerson foi responsável pela bandeirada final da corrida. Antes de os carros acelerarem para a prova, houve um minuto de silêncio em homenagem a Wilsinho Fittipaldi, que morreu em fevereiro, aos 80 anos.
Resultado dos brasileiros
Já para os pilotos brasileiros, a corrida em casa não teve muitos motivos para comemorar (a não ser o carinho da torcida). Lucas Di Grassi, da ABT Cupra, levou uma fechada de Jake Dennis logo no começo da prova e acabou tendo a asa dianteira danificada. Mesmo com o carro comprometido, o brasileiro conseguiu se manter na corrida e garantiu o P13. Já Sérgio Sette Câmara, da ERT, largou na P19 e, durante a prova, até conseguiu fazer algumas ultrapassagens. Porém, por um erro da equipe (em não avisá-lo sobre o gasto excessivo de energia) ele acabou perdendo inúmeras posições na última rodada, chegando apenas em 16º.
Pódio em carro alegórico
Fechando o highlights ePrix São Paulo 2024, no final da prova no Brasil deu samba! Isso porque o pódio montado no Sambódromo do Anhembi foi um carro alegórico disponibilizado por uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade de São Paulo: a Águia de Ouro. O carro foi construído seguindo os ideais da categoria 100% elétrica, sustentável e reutilizável. O público pode invadir a pista e acompanhar a cerimônia de perto, saudando fortemente Emerson Fittipaldi e toda a equipe McLaren pelo carinho com os brasileiros, especialmente por Ayrton Senna. Para finalizar o evento, uma festa pós-pódio foi realizada ao final do ePrix, com o palco móvel ocupando a passarela do samba e comandado por Bruno Martini e o DJ Ryan Arnold.
Curiosidades
* O início do treino classificatório foi interrompido por uma causa inusitada, mas bastante frequente em São Paulo. Um balão caiu na pista e precisou ser retirado pelas equipes de segurança.
* A definição da pole position contou com emoção. Em um sistema mata-mata, chegaram à final o belga Stoffel Vandoorne, da DS Penske, e o alemão Pascal Wehrlein, da Porsche. Quem levou a melhor foi o alemão por incríveis dois milésimos de segundo.
* O evento movimentou mais de R$ 74 milhões e gerou 6 mil empregos diretos.
* A prova recebeu mais de 25 mil pessoas nas arquibancadas do sambódromo, 50% a mais que no ano passado.
O que vem por aí
Depois da etapa na capital paulista, a Fórmula E embarca para o Japão. Em Tóquio, os carros elétricos vão acelerar no dia 30 de março. Depois, a categoria ainda visita Misano (Itália), Mônaco, Berlim (Alemanha), Xangai (China), Portland (Estados Unidos) e termina a temporada em Londres, capital inglesa, em julho.
Em relação ao mundial de pilotos, Cassidy segue na liderança, mas agora vê a vantagem que havia construído derreter com Wehrlein saindo do Brasil a apenas quatro pontos do rival. O atual campeão, Jake Dennis, sobe para terceiro, mas a 16 do líder, enquanto Jean-Éric Vergne (39) e Mitch Evans (38) completam o top 5, logo à frente do vencedor do ePrix, Sam Bird, com 37. Entre os brasileiros, Sérgio Sette Câmara é o 16º com dois pontos, enquanto Lucas di Grassi é o 19º, ainda zerado na temporada 2024 até aqui. Entre os construtores, a Jaguar mantém uma vantagem sólida no campeonato, com 94 pontos contra 58 da Porsche, apenas um a mais que a DS Penske. McLaren (55) e Andretti (49) completam o top 5.
Fotos das galerias: Mulheres no Paddock
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