Corrida gera investimentos, empregos, promoção turística e fomento do setor de serviços como gastronomia
Escrito por Amanda Corrêa
Revisado por Isadora Guerra
O Grande Prêmio do Brasil mal acabou e os fãs já estão com saudades. Além de ser a corrida favorita do calendário para muitos amantes do automobilismo (inclusive para os pilotos), trata-se de um GP importantíssimo para a economia da cidade de São Paulo que, por ser o maior polo econômico do Brasil, gera impacto positivo em todo o país.
Mesmo o Brasil sendo o “país do futebol”, a etapa de Interlagos é considerada o maior evento esportivo anual do país. Em 2023, o autódromo José Carlos Pace recebeu 267 mil pessoas durante o fim de semana. Esse é mais um recorde de público, que vem sendo quebrado ano após ano. Em 2022, 235 mil fãs foram ao autódromo. Esse crescimento só foi possível devido aos projetos de expansão do local, que futuramente deve receber 100 mil espectadores por dia, segundo o presidente da São Paulo Turismo, Gustavo Pires, em entrevista recente.
Em 2023, o impacto econômico registrado foi de R$ 1,637 bilhão, aproximadamente R$ 990 milhões gerados de forma direta e os outros R$ 647,5 milhões de forma indireta. Esse valor representa um crescimento de 13% em relação ao ano passado, que registrou um movimento na economia de R$ 1,37 bilhão.
Setores mais impactados
Segundo a organização do GP e a Prefeitura de São Paulo, cerca de 70% do público é de fora da cidade. Alguns torcedores até vêm de países próximos, como a Argentina. Isso impacta diretamente no setor hoteleiro, que tem projeção de ocupação de 78%, podendo ultrapassar 95% e chegar a 100% na zona sul, próximo ao autódromo, segundo o Observatório de Turismo e Eventos da cidade. A ocupação dos hotéis quase se esgota todos os anos, impulsionada também pela coincidência da data do evento com o Feriado Nacional de Finados no Brasil.
Todas essas pessoas que visitam São Paulo para o evento precisam comer, o que faz com que a gastronomia seja um dos setores que mais se beneficia. SP conta com uma diversidade culinária gigantesca e ainda se consagrou como melhor destino gastronômico em 2023, o que contribui para o turismo paralelo ao evento. Além, é claro, da busca por opções rápidas e práticas para fugir do alto preço dos lanches nos autódromos.
No paddock esse ano, diversos estandes divulgaram a gastronomia brasileira. Por exemplo: um café que servia também os famosos pães de queijo, pudim e brigadeiro; um boteco com quitutes como pasteizinhos e torresmo e uma banca de feira com frutas típicas de cada região do Brasil. Essa ação foi importante para expandir e incentivar a procura pela culinária brasileira.
Além disso, o setor de transportes também se beneficiou como um todo. Conforme Francisco Mattos, diretor executivo do GP de São Paulo, é durante o evento que se dão os maiores índices de serviços de táxi e aplicativos na cidade. Muitos também optam pelo uso do transporte público, como trens, metrôs e ônibus, que chegam a montar esquemas especiais para o fim de semana, a fim de suprir toda a demanda gerada pela corrida.
Outro fator de suma importância é a geração de empregos temporários durante a organização e realização do Grande Prêmio. Em 2023, o evento gerou cerca de 17 mil vagas diretos, fora os indiretos gerados pelo aquecimento da economia como um todo pelos impactos do evento. Esse número aumentou muito em relação a 2022, que registrou quase 14 mil empregos.
Publicidade em alta
Segundo o Formula Money, em 2023 o GP gerou aproximadamente US$439 milhões em retorno de mídia para São Paulo. Isso mostra que a corrida traz uma publicidade natural para a cidade de São Paulo e tanto o turismo quanto as marcas se beneficiam disso. A transmissão do GP é feita para aproximadamente 200 países, então o interesse de patrocinadores brasileiros na Fórmula 1 também aumenta. Destaque para Gerdau, Porto Seguro, XP, Banco BRB e Oakberry, por exemplo. Inclusive, o impacto desse tipo de investimento é tão relevante na economia que no dia 1º de novembro, Felipe Drugovich foi convidado a participar da abertura do pregão da Bolsa de Valores do Brasil.
Mas não são só as grandes que ganham dinheiro. Pequenas marcas também se beneficiam. As vendas do varejo de setores como moda e souvenires relacionados à F1 também se intensificam significativamente na época do GP. Os produtos oficiais vendidos durante o evento possuem valor bem elevado, o que não impede que a procura seja alta. No entanto, pequenos negócios de vendas de camisetas, bonés e casacos online têm nessa data seu principal período de vendas, tendo em vista que a maior parte das pessoas gosta de ir uniformizada assistir à corrida.
Fora o impacto para as empresas que atuam como fornecedoras do Grande Prêmio, como Embratel (responsável pelo sistema digital do autódromo), Puma e Richards (responsáveis pelos uniformes das equipes de organização do evento), JCB (manipuladora dos guindastes) e a própria Gerdau (responsável pelo aço reciclável nas estruturas como o paddock), entre outras, também é importante para o aquecimento da economia como um todo.
O legado continua
A corrida em Interlagos foi confirmada no calendário até 2030, o que é uma ótima notícia para os fãs brasileiros e também para a economia do país. E dessa vez os ingressos para o ano que vem esgotaram em menos de duas horas, mostrando que o impacto deve ser positivo novamente. O site oficial de venda dos ingressos continua sendo o do Eventim. Vale lembrar que o GP São Paulo de Fórmula 1 já tem data marcada: 01, 02 e 03 de novembro de 2024.
Fontes
Commentaires