Semelhante a uma sauna, o cockpit de um carro da categoria pode chegar a 60°C
Escrito por Vitória Vilarino
Revisado por Isadora Guerra
Não é segredo para ninguém que a situação dos pilotos não é nada fácil dentro do cockpit. Entretanto, em corridas como Miami e Singapura fica ainda pior devido às altas temperaturas e, no caso dessa última, alta umidade relativa do ar (80%). No Japão, onde tradicionalmente chove em algum momento do fim de semana, também fez calor e os pilotos saíam exaustos de seus carros. Os termômetros chegam a marcar 60 graus Celsius dentro dos cockpits. Soma-se a esses fatores o fato de que os pilotos usam uma camada de roupa anti chamas por baixo do grosso macacão. O resultado é um alto desgaste físico pelo calor e desidratação na F1.
Durante uma corrida, os pilotos estão expostos a altas velocidades e forças G intensas, o que aumenta a taxa de transpiração. Esse processo faz com que eles percam ainda mais líquidos corporais, o que pode afetar negativamente o seu desempenho na pista. Por isso, são utilizadas diversas medidas para evitar que as altas temperaturas causem grandes prejuízos aos competidores.
Hidratação
Uma medida começa antes mesmo da corrida. É a hidratação dos pilotos com isotônicos, mistura individualizada de carboidratos, sais minerais e outros componentes que ajudam a repor o que será perdido pelo suor, além de aminoácidos que aceleram a recuperação muscular. Durante a corrida eles também continuam ingerindo esta mistura por meio de um tubo que se conecta no capacete do piloto e vai até um reservatório que se localiza na parte de trás do assento. Quando eles querem beber o líquido, basta apertar um botão no volante que faz a liberação do isotônico.
Porém, alguns pilotos relatam falhas nesse mecanismo, já que muitas vezes o líquido acaba sendo liberado sem o acionamento do botão, principalmente nos momentos de aceleração. Outra reclamação é o fato de que após algumas poucas voltas a bebida já fica semelhante a um chá, outra consequência do calor intenso dentro do cockpit. Outra curiosidade interessante é que, por vezes, os atletas, junto a seus engenheiros, escolhem não encher o reservatório para tentar deixar o carro mais leve. Foi o que aconteceu com Lewis Hamilton no GP da Espanha de 2019 e com Carlos Sainz no GP da França de 2022.
Após a corrida eles seguem tomando o isotônico. Para evitar que eles façam essa reposição de forma muito rápida, as equipes utilizam garrafinhas com canudos longos. A função delas é permitir que apenas uma porção do líquido seja ingerida, além de ser mais prático quando eles tomam a bebida dentro do carro durante os intervalos dos treinos livres e da qualificação.
Coletes de resfriamento
Outra medida usada pelos pilotos para driblar o calor são os coletes de resfriamento. Essa técnica consiste na utilização de coletes em baixas temperaturas (0-5°C) cobrindo as regiões centrais do corpo, principalmente tórax, estômago e lombar. Há modelos de colete com compartimentos de diferentes tamanhos que permitem a colocação de gelo, gel ou mesmo água em baixas temperaturas. Eles resfriam o corpo pouco antes das corridas, ajudando os pilotos a não sofrerem tanto com o calor antes da prova começar.
Mais uma das opções é o gelo seco colocado no cockpit dos carros, que nada mais é que aquela fumaça branca pouco antes dos mecânicos se retirarem da pista. Os famosos sopradores resfriam o ambiente e evitam temporariamente a sudorese.
Banho de água gelada
E por último, mas não menos importante, há os banhos em água gelada. Eles servem para ajudar na recuperação muscular após as corridas e treinos, quando os pilotos precisam voltar logo em seguida para mais uma sessão ou qualificação, por exemplo. Para minimizar os efeitos da temperatura e umidade, essa é a estratégia mais utilizada.
A imersão em água fria, popularmente conhecida como banheira de gelo, é eficaz em melhorar o desempenho físico em ambiente quente. A técnica consiste na imersão do corpo até o nível dos ombros em estrutura contendo água na temperatura de 2-10°C durante 10 a 20 minutos. Após ser imergido em água nessas condições, a temperatura corporal reduz. Saindo de uma temperatura menor no início de uma sessão, por exemplo, o corpo conseguirá “acumular” mais calor até atingir temperaturas críticas, que levam o cérebro a reduzir a intensidade ou mesmo voltar aos boxes para hidratação.
Mesmo com todas estas medidas, os pilotos perdem cerca de três quilos a cada corrida. A desidratação extrema pode levar à exaustão, tontura e até mesmo desmaios durante uma corrida. Um dos casos mais graves foi o de Fernando Alonso no GP do Bahrein de 2009, quando o espanhol teve um desmaio após a corrida.
Fontes
Bastante informativo e de fácil entendimento. Bom trabalho! 😃